Não dá pra vir e achar que está
tudo do jeito como deixou, muita coisa mudou por aqui. Na verdade tive que
fazer mudar, mudar o cabelo, as roupas, cores preferidas, gosto musical, locais
que frequento e o principal: os meus sentimentos. De fato não foi fácil realizar a faxina, te
varrer da minha vida de um jeito que não seja mais bem vindo. As fotos
foram tiradas dos porta retratos, as mensagens
e e-mails deletados. Era muito você e menos eu; uma hora cansa. Hora de renovar
o guarda-roupa, afinal as roupas me lembrariam momentos e lugares e estava fora
de questão as lembranças. Comecei a
assistir outros tipos de séries e mudei minha rotina. Sair mais com amigas e
fazer o que bem entendesse sem ter que te consultar já sabendo que a resposta
sempre seria não. Acabei descobrindo que
meus defeitos que tanto me apontavas não eram tão grandes assim e que minhas
qualidades (que nenhuma vez os mencionou) esses sim eram diversos. É chegado o momento de me cuidar, de me amar
e de me libertar. Estar contigo me sufocava e apenas eu achava que não, que
tudo estava bem e que eu estava feliz. De verdade por tempos eu acreditava
nessa versão feliz, hoje vejo que não, eu até podia aparentar ser, mas no fundo
que estava infeliz, presa em um relacionamento que na verdade não existia mais.
Era eu feliz com sua companhia e você com a minha. Em um dia qualquer como o de hoje acordei e me
resgatei, foi doloroso, não pelo amor
que sentia (amor?) mas pelo comodismo de como era ao seu lado. E agora depois
de ver como eu fico bem sem o meu braço dado no seu, você vem com esse papinho
de que sente saudade, saudade de quê? Dos ciúmes bobos? Das birras? Das minhas
músicas melodramáticas? Ou dos meus filmes água com açúcar? De verdade, não me
venha com esse de saudade. O tempo passou e acho que fui teimosa demais em
tentar e tentar e tentar, e percebi que não vale mais, não vale as ligações
perdidas, as mensagens pouco respondidas (e em poucas palavras), os “eu te amo” não ditos. Eu amadureci pela
primeira vez pensei em mim em primeiro lugar.
Te varri de cada canto do meu coração e tirei o pó de cada palavra que
eu desejava ouvir de ti. E quer saber? Está melhor assim.
"Serei sempre apego pelo que vale apena e desapego pelo que não quer valer" - Clarice Lispector
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