sexta-feira, janeiro 15, 2016

Uma carta [...]



Então é isso, o que começou por uma carta, por ela termina. Com os olhos marejados de lágrimas e o coração vazio, tudo se ressume a pó, ou melhor, em palavras escritas em uma folha de papel. Todos os meus sentimentos ou ausência destes, traduzidas para que entendesse toda minha aflição. Tentar não pensar no término como algo ruim é bem difícil, ainda que não estejamos mais juntos te carregarei em minha vida, como um aprendizado, um capítulo de um livro que sigo por escrever, com ou sem você ao meu lado. Minhas mãos tremulas e meu coração pulsando mais rápido que o normal, enfim lhe entreguei. Ainda em dúvidas se fosse o certo, será? Ainda recordo seu semblante, como se um ponto de interrogação tivesse pousado em seu rosto, me olhando de um jeito doce e triste. Naquele momento doeu, doeu mais do que a decisão tomada, doeu porque ali enfim eu entendia que havíamos chegado ao fim. Como nos filmes água com açúcar que desde menina me faziam chorar, houve o último beijo, o último olhar nos olhos e a última despedida. Então ele partiu, partiu e me deixou com um vazio que eu sabia que não iria se preencher tão cedo. Nos primeiros instantes o alívio, acabou! Depois a insegurança e o medo, acabou? E assim seguiu, me perguntando vez que outra. Não posso dizer que houve um ponto final, se ainda uso um ponto de interrogação quando me perguntam de você, porque não haver reticências? Aqueles três pontinhos que eu sempre gostei de usar em textos quando não havia muita criatividade no momento. Porque não termos esses três pontinhos no capítulo que fala de você? Em pensamento, em palavras e sentimento. Ainda resta um pouco do que fomos, um pouco do que eu senti e um pouco do que faltou ser.

 [...]

As demais cartas eu as guardo, para que nunca cheguem ao seu destinatário.

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